Um suave farfalhar do papel, o fluxo suave da tinta no papel de arroz - é assim que começa a história da pintura japonesa, serpenteando ao longo dos séculos como um rio silencioso. Enquanto que na Europa a pintura a óleo sobrecarrega os sentidos com luz dramática e cores opulentas, a arte japonesa centra-se no não dito, no alusivo, naquilo que se encontra nas entrelinhas. A história nacional do Japão, caracterizada por longos períodos de isolamento e aberturas súbitas, reflecte-se na sua arte: é um reflexo do equilíbrio entre tradição e inovação, entre a proximidade da natureza e a modernidade urbana.
Imaginemos uma xilogravura ukiyo-e de Hokusai: a "Grande Onda ao largo de Kanagawa" ergue-se, poderosa mas cheia de elegância, enquanto o Monte Fuji surge quase tímido ao fundo. Ao contrário do Renascimento italiano, que colocou o homem no centro, no Japão, a natureza continua a ser sempre a principal protagonista. Os artistas - de Sesshū Tōyō, cujas paisagens monocromáticas parecem meditações, a Hiroshige, que capta a fugacidade do momento com as suas xilogravuras a cores - sabem como celebrar o efémero, o transitório. Mesmo na fotografia do século XX, como a de Daidō Moriyama, este sentido do efémero permanece: As imagens granuladas a preto e branco que captam a vida pulsante de Tóquio parecem homólogos modernos das antigas xilogravuras.
Um pormenor surpreendente: a técnica da xilogravura a cores, que amadureceu até à perfeição no Japão, inspirou mais tarde os impressionistas franceses. Monet, van Gogh e Degas coleccionaram gravuras japonesas, estudaram a composição bidimensional, os recortes arrojados e a redução ao essencial. Mas enquanto em França a pintura se tornou um palco de luz, no Japão permaneceu um lugar de quietude, de contemplação. As aguarelas de Takeuchi Seihō, por exemplo, em que um único grou se ergue sobre um chão coberto de neve, dizem-nos mais sobre a alma japonesa do que mil palavras. E, ainda hoje, na arte contemporânea de Yayoi Kusama, os velhos padrões continuam a surgir: Os pontos, as repetições, o jogo entre o vazio e o cheio - um eco da estética secular.
Quem se envolve com a arte japonesa entra num espaço em que o invisível é tão importante como o visível. Aqui, o branco do papel torna-se um oceano, a pincelada um sopro de vento, o motivo uma meditação. Para os amantes da arte e coleccionadores de gravuras, abre-se um mundo em que cada quadro é um convite a parar por um momento - e a descobrir o essencial no silêncio.
Um suave farfalhar do papel, o fluxo suave da tinta no papel de arroz - é assim que começa a história da pintura japonesa, serpenteando ao longo dos séculos como um rio silencioso. Enquanto que na Europa a pintura a óleo sobrecarrega os sentidos com luz dramática e cores opulentas, a arte japonesa centra-se no não dito, no alusivo, naquilo que se encontra nas entrelinhas. A história nacional do Japão, caracterizada por longos períodos de isolamento e aberturas súbitas, reflecte-se na sua arte: é um reflexo do equilíbrio entre tradição e inovação, entre a proximidade da natureza e a modernidade urbana.
Imaginemos uma xilogravura ukiyo-e de Hokusai: a "Grande Onda ao largo de Kanagawa" ergue-se, poderosa mas cheia de elegância, enquanto o Monte Fuji surge quase tímido ao fundo. Ao contrário do Renascimento italiano, que colocou o homem no centro, no Japão, a natureza continua a ser sempre a principal protagonista. Os artistas - de Sesshū Tōyō, cujas paisagens monocromáticas parecem meditações, a Hiroshige, que capta a fugacidade do momento com as suas xilogravuras a cores - sabem como celebrar o efémero, o transitório. Mesmo na fotografia do século XX, como a de Daidō Moriyama, este sentido do efémero permanece: As imagens granuladas a preto e branco que captam a vida pulsante de Tóquio parecem homólogos modernos das antigas xilogravuras.
Um pormenor surpreendente: a técnica da xilogravura a cores, que amadureceu até à perfeição no Japão, inspirou mais tarde os impressionistas franceses. Monet, van Gogh e Degas coleccionaram gravuras japonesas, estudaram a composição bidimensional, os recortes arrojados e a redução ao essencial. Mas enquanto em França a pintura se tornou um palco de luz, no Japão permaneceu um lugar de quietude, de contemplação. As aguarelas de Takeuchi Seihō, por exemplo, em que um único grou se ergue sobre um chão coberto de neve, dizem-nos mais sobre a alma japonesa do que mil palavras. E, ainda hoje, na arte contemporânea de Yayoi Kusama, os velhos padrões continuam a surgir: Os pontos, as repetições, o jogo entre o vazio e o cheio - um eco da estética secular.
Quem se envolve com a arte japonesa entra num espaço em que o invisível é tão importante como o visível. Aqui, o branco do papel torna-se um oceano, a pincelada um sopro de vento, o motivo uma meditação. Para os amantes da arte e coleccionadores de gravuras, abre-se um mundo em que cada quadro é um convite a parar por um momento - e a descobrir o essencial no silêncio.